Fotografias da autoria da aluna Sofia Vieira

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A magia fermentálcoolática


Sejam bem-vindos ao nosso blog!!! 




Nada melhor para acabar a disciplina de biologia do 12º ano, concluindo-a com as atividades experimentais: fermentação alcoólica e láctica, onde iremos produzir cerveja de gengibre e queijo, respetivamente, verificando nós próprios o sucesso das atividades anteriormente referidas, avaliando o resultado dos produtos obtidos através das nossas pupilas gustativas.





Cerveja de gengibre


Gengibre
       
Iogurte



COMO PODE OCORRER A FERMENTAÇÃO?


Há dois tipo de fermentação:
  • Fermentação Aeróbica: ocorre na presença de oxigénio do ar, como por exemplo no ácido cítrico e na penicilina.

  • Fermentação Anaeróbica: ocorre na ausência de oxigénio, como por exemplo na cerveja, no vinagre, no iogurte e até em cãibra.
Método de ambas as fermentações estudadas





Fermentação alcoólica - Produção de cerveja de gengibre


Processo de fermentação alcoólica


A cerveja de baixo teor alcoólico teve origem na Inglaterra em meados do século XVIII e foi exportada a nível mundial.


No inicio do séc. XX, era produzida para fins comercias em quase todas as cidades, onde era comum a bebida ser comercializada nas ruas de inglaterra por vendedores ambulantes.


Devido a uma lei inglesa era exigido que a bebida contivesse menos de 2% de álcool, fazendo com que se torna-se muito comum entre os mais novos.

A original é feita a partir de raízes frescas de gengibre (Zingiber officinale), e é frequentemente usado outros aromatizantes como zimbro (Juniperus communis), alcaçus (Glycyrrhiza glabra) ou malagueta (Capsicum annuum) – os quais dão um toque extra. 


A mil-folhas (Achillea millefolium) é normalmente usada para inibir o crescimento de bactérias (tal como era na bebida normal antes da introdução de lúpulo). 






Preparação e tempo
A preparação desta bebida, incluindo o período de arrefecimento de 60 minutos, demora cerca de 90 minutos. A fermentação inicial demora 24 horas, seguido de 48 horas de fermentação nas garrafas. 

Equipamento e materiais
  • Faca afiada
  • Ralador de Limão
  • Espremedor de limões
  • Colher de sopa
  • Chaleira para água a ferver
  • Termómetro
  • Taça
  • Pano para cobrir a panela
  • Funil
  • Garrafas de plástico (PET) e rolha. Não usar garrafas de vidro
  • 1 L de água
  • 150 g de raízes de gengibre (~130 g após descascada)
  • Limão médio (de preferência sem casca)
  • 140 g de açúcar (branco ou amarelo)
  • 4 g de fermento em pó de pão
  • Saco de plástico

Método



1. Descascou-se o gengibre e cortou-se em rodelas de 3-5 mm. Esmagou-se as rodelas 
dentro do saco de plástico com a ajuda de uma colher de sopa.





2. Colocou-se o gengibre numa taça. Adicionou-se as raspas do limão sobre o gengibre e 
de seguida o sumo do limão. 




 
3. Colocou-se os restantes ingredientes excepto o fermento, na taça e de seguida
adicionou-se a água a ferver. Mexeu-se.




4. Cobriu-se a taça com um pano limpo e deixou-se arrefecer a mistura até 25-30ºC (o que
pode demorar entre 60-90 min).




5. Adicionou-se o fermento ao líquido quente e mexeu-se até à sua dispersão.








6. Cobriu-se a taça com um pano limpo e deixou-se repousar num local quente durante 24h.



7. Recolheu-se a suspensão do fermento, deixando o sedimento na panela.     Transferiu-se para as garrafas deixando 3-5 cm de ar até ao cimo da garrafa.


8. IMPORTANTE! Permitir que o preparado fermente à temperatura ambiente (~21ºC) durante não mais de 48 h, colocando em seguida as garrafas no frigorífico. Consumiu-se dentro de seis dias. 

As figuras abaixo demonstram de forma simples e figurada o procedimento seguido.
 






Fermentação lática - Produção de queijo


Processo microbiano de grande importância utilizado pelo Homem na produção de laticínios, este consiste na oxidação anaeróbica de hidratos de carbono e que tem como produto final o ácido lático, além de outras substâncias orgânicas (queijo, iogurte...).  
Os lactobacilos (bactérias presentes no leite) executam fermentação lática, em que o produto final é o ácido lático. Para isso, são utilizados como ponto de partida, a lactose (substrato para a formação do ácido e, portanto intervém na coagulação do leite, na textura da coalhada e também no crescimento dos microrganismos), o açúcar do leite, que é desdobrado, por ação enzimática que ocorre fora das células bacterianas, em glicose e galactose. A seguir, os monossacarídeos entram nas células, onde ocorre a fermentação.
Cada molécula do ácido pirúvico é convertido em ácido lático, que também contém três átomos de carbono.  
Obs: O sabor azedo do leite fermentado deve-se ao ácido lático formado e eliminado pelos lactobacilos. O decréscimo do pH causado pelo ácido lático provoca a coagulação das proteínas do leite e a formação do coalho, usado na fabricação de iogurtes e queijos.

Processo de fermentação láctica

O queijo fresco, tal como o nome sugere, é um queijo que não sofre maturação, pois resulta diretamente da coagulação do leite após aquecimento e adição de coalho.


A água é eliminada em proporções determinadas, segundo a variedade que se deseja, arrastando com ela parte dos elementos solúveis e das proteínas não coaguladas que estão presentes no leite.


A água que fica retida no queijo desempenha um papel muito importante: é essencial para o desenvolvimento dos microrganismos e determina a velocidade das fermentações e de maturação, o tempo de conservação, a textura do queijo e o rendimento do processo de fabricação.


A quantidade de gordura influencia na textura, no sabor, no rendimento e pouco na cor.


A caseína coagulada constitui a base para o queijo e na sua degradação originam-se diversos compostos aromáticos.


As proteínas do soro contribuem para o valor nutritivo do queijo, têm muita importância no processo de maturação, e também os minerais participam na coagulação do leite e na textura do queijo.


Material
  • 1L de leite de vaca
  • 20 gotas de coalho líquido
  • 1 colher de chá de sal
  • Panela
  • Passador
Procedimento

  • Aqueceu-se o leite, numa panela, a 35-40º C.
  • Acrescentou-se o sal, mexeu-se e adicionou-se as gotas de coalho. Voltou-se a mexer e deixou-se repousar 45 min - 1 hora (fora da placa elétrica).


  • Após o tempo de espera, cortou-se o leite coalhado com a faca e verteu-se para um passador grande e limpo. Sem fazer pressão, deixar separar o soro.


  • Deixou-se repousar o produto durante 15min, ondulando, de vez em quando, para eliminar "bolsas" de soro.

  • Colocou-se o leite coalhado em formas de queijo.


  • Colocou-se num tabuleiro as formas do queijo e levou-se ao frigorífico cerca de 6 horas.


Resultados e discussão
Durante toda a actividade conseguimos "observar" a acção dos microrganismos em alimentos utilizados pelo Homem no nosso quotidiano.
De uma forma geral, obtivemos os resultados esperados, confirmando-os através do sabor destes. À parte de ambas as experiências terem sido realizadas com sucesso, ocorreram certos equívocos, tais como: 

Na fermentação alcoólica, o contra-tempo que nos deparamos foi o facto da solução inicialmente preparada ter sido sujeita a um decréscimo da temperatura (25-30ºC) para que se pudessem adicionar as leveduras, já a as temperaturas elevadas iriam provocar a sua desnaturação. 


Produto final: cerveja de gengibre

Na fermentação láctica, apenas realizamos a parte inicial do procedimento visto que não havia tempo suficiente e assim os colegas do segundo turno terminaram a preparação do queijo.   
Produto final: queijo a partir de leite de vaca

Conclusão


Em suma, ao realizar as duas experiências, ambos os resultados foram positivos ao obter-se os produtos pretendidos em ambos os casos, apesar das dificuldades já mencionadas. Foi um trabalho em que nos apercebemos que quando se trabalha com leveduras, a temperatura é algo muito importante para se ter em conta quando se pretende o sucesso. Para finalizar, todo o trabalho foi realizado também para que a aprendizagem não seja só em sala de aula mas também em laboratório, tendo sido em nosso ponto de vista um sucesso dado o interesse do projecto e todo o conhecimento adquirido através da experiência.

O nosso grupo juntamente com outros colegas, numa aula após a estas atividades experimentais, onde tivemos o prazer de verificar o sabor da cerveja de gengibre e do gosto do queijo acompanhado por umas tostas.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Efeitos mutagénicos do álcool e do tabaco

Boas, pessoal! Gostariam de saber em que temos trabalhado? Sim? Claro! Estamos aprofundando um estudo relacionado com o efeito que os agentes mutagénicos,mais especificamente, o tabaco e álcool, têm sobre as células que estão em constante renovação no epitélio bucal de cada um de nós. Por isso, fizemos uma recolha de células retiradas do epitélio bucal de dois grupos de indivíduos (grupo de controlo e grupo exposto), com o objetivo de observá-las e analisar as várias anomalias presentes causadas pelos agentes em estudo.
É claro que, para os indivíduos que consomem diariamente bebidas alcoólicas e tabaco, as suas células do epitélio bucal estão claramente sujeitas a estes agentes capazes de prejudicar estas células, criando mutações, tais como: o Micronúcleo, a Cariólise (Karyolysis), a Cariorrexis (Karryorrexis), e por último a Picnose (Cariopicnosis). Também será possível identificar-mos células binucleadas e trinucleadas.

E aí perguntam: O que pretendem conseguir com este trabalho?
Com este trabalho pretendemos alcançar um dos nossos objetivos principais: analisar e avaliar o efeito mutagénicos das substâncias anteriormente referidas - tabaco e álcool - e também conhecer um novo lado da ciência que a biologia nos proporciona, descobrindo novos estudos no âmbito desta disciplina.

Comecemos então por identificar as anomalias:


Micronúcleo - O micronúcleo consiste na existência de uma pequena porção de DNA exterior ao núcleo celular. Os micronúcleos formam-se durante a metáfase/anáfase.

Micronúcleo
Na figura abaixo é possível ver a formação de micronúcleos a partir de problemas que ocorreram durante a anáfase. No caso (a) alguns cromossomas não migraram para os pólos, enquanto no caso (b) não houve a separação dos cromatídeos.


Formação de um micronúcleo


O número de micronúcleos existente numa célula é tanto maior quanto a exposição ao
agente mutagénico.

Em suma, as mutações, muitas vezes causadas por agentes mutagénicos, podem afetar 
gravemente um indivíduo, causando, por exemplo, cancro. Contudo, estas também podem
contribuir para o avanço de uma determinada espécie caso sejam favoráveis para a adaptação do ser vivo face ao ambiente que o circunda.
Durante a anáfase, aquando da separação dos cromossomas, há uma incorreta segregação do material genético e consequente formação de um núcleo não incorporado no da célula filha constituído por fragmentos de cromossomas ou até mesmo cromossomas inteiros. Existe uma perda de cromatina relativamente ao núcleo principal. 
A presença de micronúcleos nas células serve como parâmetro para a determinação da extenção do dano de certo agente mutagénico.

Cariólise - A cariólise consiste na destruição do núcleo da célula, devido à dissolução da cromatina.
Cariólise
Cariorréxis - A  cariorréxis consiste na fragmentação do núcleo picnótico (núcleo cuja cromatina está extremamente condensada). É geralmente precedido por picnose e é seguido por cariólise e pode ocorrer como resultado de uma morte celular (necrose).

Carriorréxis
Picnose - A picnose é a condensação da cromatina no núcleo de uma célula. Esta condensação é irreversível. Este processo é seguido de cariorréxis.
Picnose

Comecemos por apresentar alguns artigos relacionados com este tema:

  • Artigo 1
Apoptose em células esfoliadas do epitélio bucal de indivíduos ocupacionalmente expostos a agentes mutagénicos
As alterações de apoptose são potenciais marcadores genéticos na prevenção do cancro, uma vez que apontam efeitos genotóxicos. Neste estudo, foram principalmente avaliadas as frequequências de alterações indicativas de apoptose (picnose, cromatina condensada e cariorréxis) em células que foram esfoliadas do epitélio bucal de trinta indivíduos que estão expostos diaramente com substâncias químicas em laboratórios académicos de pesquisa das áreas de Ciências Biológicas, Químicas e Farmacêuticas (grupo exposto-GE), comparando-as às obtidas em igual número de indivíduos sem qualquer contato a agentes mutagénicos (grupo controle-GC). 

As alterações nucleares degenerativas indicativas de apoptose foram significativamente mais frequentes no GE. Esse resultado evidencia o efeito genotóxico de compostos químicos utilizados na pesquisa anteriormente referida e aponta para riscos à saúde dos indivíduos que estão sob este tipo de exposição.
Embora a maioria dos entrevistados tenha declarado o uso de equipamento para proteção individual e/ou coletiva, a elevada frequência de apoptose observada no grupo exposto revela necessidade de implantação de programas de prevenção à exposição ocupacional nas universidades e supervisão do ambiente de trabalho dos seus laboratórios de pesquisa nas áreas referidas neste estudo.


Introdução

A exposição humana aos denominados agentes mutagénicos, efetivos em causar danos ao material genético, constitui umas das grandes preocupações no mundo atual. Tais agentes estão relacionados com o desenvolvimento do cancro, hoje considerado doença genética, uma vez que resulta de alterações em genes que controlam a proliferação e a diferenciação celular (proto-oncogenes e genes supressores de tumores), ou de alterações em genes comprometidos com os mecanismos de reparação do DNA.

O biomonitoramento de populações assim expostas pode ser feito através do uso de diferentes testes citogenéticos que avaliam os efeitos genotóxicos de mutagénos através da deteção de danos cromossómicos ou de fenómenos nucleares degenerativos que indicam a ocorrência de apoptose.
A apoptose é um processo geneticamente controlado de morte celular, ocorrendo em condições normais para eliminar células que não são mais necessárias ao organismo, ou em resposta à injúria genotóxica. Este processo tem, assim, uma função essencial como mecanismo de proteção contra a carcionogénese por eliminar células geneticamente danificadas. O reconhecimento de que o desenvolvimento de um tumor maligno envolve uma quebra no balanço entre a proliferação celular e a morte por apoptose é um dogma relativamente recente na biologia celular.


Por outro lado, a frequência aumentada de alterações celulares relacionadas com a apoptose é indicativa de genotixicidade, apontando para a necessidade de biomonitoramento de populações que estão expostas a mutagénos e carcinogénos. A análise dessas alterações, na avaliação dos efeitos genotóxicos da exposição a mutagénos físicos e químicos, tem se mostrado mais efetiva do que a análise de micronúcleos. Segundo Tolbert, a apoptose induzida por genotoxicidade pode ser um importante marcador da resposta a eventos de iniciação, relacionada com o processo de transformação maligna.

Fragmentação do núcleo (carriorréxis), consensação da cromatina e picnose são as alterações nucleares indicativas de apoptose. Tais alterações são bem visualizadas em células esfoliadas do epitélio bucal, consideradas ferramentas efetivas para o biomonitoramento de populações expostas.

Populações que são ocupacionalmente expostas a mutagénos têm merecido especial atenção dada à constância com que ocorre tal exposição, situação que é agravada nos indivíduos que adicionalmente são fumadores e/ou usuários de bebidas alcoólicas.

O hábito de fumar é o factor de risco para o desenvolvimento do cancro na boca mais consistentemente apontado, particularmente quando associado à ingestão de bebidas alcoólicas. A sinergia entre o hábito de fumar e a ingestão de bebidas alcoólicas na indução de tumores das vias aéreas superiores e do trato digestivo está bem documentada na literatura epidermiológica.

Neste estudo, foi avaliada a frequência de alterações nucleares indicativas de apoptose em indivíduos ocupacionalmente expostos a substâncias químicas em laboratórios de pesquisa biológicas, químicas e farmacêuticas.



Preparações Citológicas
As células do epitélio bucal, recolhidas dos indivíduos expostos e controles, foram obtidas mediante uma raspagem gentil da mucosa utilizando lâminas para análise microscópica que foram previamente esterilizadas. O material assim recolhido foi submerso em 8 mL de solução de soro fisiológico (NaCl a 0,9%) e processado de acordo com os protocolos sugeridos por Stich et al e Gattás et al. Após 24 horas, as preparações foram coradas de acordo com o método de Feülgen e Rossenbeck e contra-coradas com fast green a 1% em álcool absoluto por 1 minuto. Toda a análise foi realizada por um único observador, em teste cego, com relação aos dados do questionário. Um mínimo de 1000 células foi considerado adequado para a análise, sendo computadas por campo todas as células distintamente individualizadas, com citoplasma íntegro, apresentando ou não alterações indicativas de apoptose. Os critérios adotados para identificação das alterações indicativas de apoptose foram os descritos por Tolbert et al, sendo a apoptose inferida pelo somatório de cariorréxis, cromatina condensada e picnose. 

A carriorréxis foi identificada pela presença de inúmeros corpúsculos Feülgen positivos, revelando a ocorrência de fragmentação nuclear. As células apresentando cromatina anormalmente distribuída (ao redor da superficíe interna do núcleo, concentrada no centro deste ou disposta em granulações grosseiras) foram computadas como cromatina condensada. A condensação extema da cromatina, associada à redução substancial do tamanho nuclear, foi indicativa picnose.



Resultados

Características da amostra

As médias de idade obtidas, nos grupos expostos (c=31,13) e controle (c=38,30), não foram significativamente diferentes: t=0,564; G.I. = 58; p>0,05. Não foi também observada diferença quando avaliada a distribuição de homens e mulheres entre os grupos exposto (17 mulheres e 13 homens) e controle (18 mulheres e 12 homens): c2=0,326; G.I. = 0,20.

No grupo exposto, 5 indivíduos foram classificados fumadores e 25 não-fumadores. O grupo controle foi constituído por 10 pessoas fumadoras e 20 não-fumadoras. Dez indivíduos do grupo exposto e 9 do grupo controle informaram ingerir bebida alcoólica. O teste de quiquadrado revelou não haver diferença no número de indivíduos fumadores e que ingeriam bebidas alcoólicas entre os grupos (p>0,10 e p<0,70; respectivamente). Entretanto, em cada grupo, a quantidade de cigarros consumidos por dia foi maior entre os homens, além deste referirem, mais frequentemente, hábito de ingerir bebidas de maior teor alcoólico, como uísque e vodka do que as mulheres, entre as quais a bebida mais frequente foi a cerveja.


Tabela 1 - Substâncias encontradas nos laboratórios de pesquisa visitados


As informações obtidas no quastionário revelaram que a grande maioria dos indivíduos do grupo exposto estava sujeita, no ambiente de trabalho, a mais de um tipo de  composto químico (tabela 1). Apenas um indivíduo referiu exposição exclusiva à naftalina. Não foram informadas outras formas de exposição a genotóxicos. A maioria dos indivíduos expostos (90%) informou utilizar equipamento para proteção individual (luva, guarda-pó, óculos e máscara) e coletiva (capela) no manuseio dos compostos químicos. Somente três pessoas manuscavam as substâncias sem proteção.




Análise Citológica

Os resultados referentes à análise das células sem alterações e daquelas apresentando alterações nucleares degenerativas indicativas de apoptose (cariorréxis, picnose e cromatina condensada), são apresentadas na tabela 2. A avaliação da ocorrência de apoptose (inferida pelo somatório de cariorréxis, picnose e cromatina condensada) revelou que este fenómeno foi significativamente mais frequente no grupo exposto (p<0,0001). A apoptose foi também significativamente maior entre os indivíduos expostos que informaram não ingerir bebidas alcoólicas e/ou fumar quando comparados com controles abstémicos (p<0,0001).
Nos indivíduos que faziam o uso do cigarro e/ou de bebida alcoólica, em ambos os grupos amostrais, a ocorrência de apoptose foi maior entre os que fumavam e/ou bebiam (p<0,0001) e foi, também significativamente maior entre os homens (p<0,001).




Tabela 2 - Frequência de apoptose


Apoptose nos grupos GE e GC em função dos hábitos fumar e/ou beber

  • Artigo 2

Chronic cigarette smoking is associated with diminished folate status, altered folate form distribution, and increased genetic damage in the buccal mucosa of healthy adults.

(Aguda dependência tabagística está associado com (...) um aumento de material genético danificado nas células da mucosa bocal em adultos saudáveis)

Um artigo publicado em "Am J Clin Nutr vol. 83 no. 4 835-841", também disponível no endereço, http://www.ajcn.org/content/83/4/835.short, demonstra as capacidades mutagénicas e prejudiciais no epitélio bocal. Sendo que ficou demonstrado que o fumo tem pouca influencia no desenvolvimento de micro núcleos existindo uma diferença mínima do grupo exposto para o grupo de controlo.
 
  • Artigo 3

 Possíveis mecanismos pela qual álcool possa desenvolver cancro oral.   

Em "Oral Oncology Volume 34, Issue 6 , Pages 441-447, November 1998" disponível para consulta em http://www.oraloncology.com/article/S1368-8375%2898%2900022-0/abstract foi desmentido o facto de etanol não ter qualquer consequência nas células, sendo confirmado a sua actuação no aparecimento de cancro da boca. No estudo foram estudados o efeito de álcool com e sem tabaco nas células.

  • Artigo 4     
 Mutações e Anomalias Nucleares

Todas as células do nosso corpo necessitam de se renovar. Para esse efeito, estas duplicam-se (por mitose), e, consequentemente, o DNA que se encontra no núcleo celular também tem de se multiplicar. Do mesmo modo, aquando da formação dos gâmetas, ou seja, quando ocorre a meiose, o DNA também precisa de se duplicar. Em ambos os processos mencionados existe a possibilidade de algo correr mal, ou seja, de ocorrer uma mutação.
As mutações podem ocorrer tanto em células somáticas, como em células germinativas. Caso as células somáticas sejam mutadas apenas as células descendentes da célula mutada são afetadas, mas se este fenómeno ocorrer numa célula germinativa trará consequências não só para a pessoa afetada com também para a sua descendência, uma vez que esta anomalia é transmitida através dos gâmetas.As mutações podem ser espontâneas, se ocorrerem naturalmente, ou provocadas por algum agente externo (agente mutagénico). As mutações espontâneas têm uma menor probabilidade de serem graves, uma vez que quando ocorrem geralmente são corrigidas através de mecanismos de reparação do DNA. Estes mecanismos consistem na ação dos genes supressores de tumores. Estes genes são responsáveis por corrigir o erro ou causar a apoptose celular (morte da célula) em caso de ser detectada alguma mutação.

Agentes Mutagénicos

Um agente mutagénico consiste, como já tinha sido referido, num agente capaz induzir 

uma mutação. Os agentes mutagénicos podem ser:

  • Químicos - nitrosaminas, corantes para tintas de cabelo, ácido nítrico, entre outros;
     Os agentes mutagénicos químicos, por terem uma constituição química semelhante à dos nucleótidos conseguem, facilmente incorporar o DNA.
  • Físicos - Raios X e Raios UV, por exemplo;
     A radiação ultravioleta provoca a formação de dímeros de timina, ou seja, em vez do nucleótido timina emparelhar com a adenina, emparelha com outro nucleótido de timina, modificando a informação genética.

  • Biológicos Vírus e bactérias.
   As bactérias ou os vírus integram parte do seu DNA na cadeia de DNA da célula hospedeira, alterando a sequência de nucleótidos.
Estes agentes também podem ser divididos de acordo com a forma como alteram o DNA, como por exemplo:
  • Desaminação (remoção do grupo amina nos nucleótidos. Ex: a citosina ao perder o grupo amina torna-se uracilo e passa a emparelhar com a adenina em vez da guanina, alterando o aminoácido produzido);
  • Indução de inserções ou deleções de nucleótidos;
  • Incapacidade de emparelhar, o que leva a DNA polimerase a interromper o seu processo e a replicação não contínua (geralmente acontece quando as células estão sob a influência do raios UV).
     Os agentes mutagénicos podem provocar mutações em genes extremamente importantes para o normal funcionamento da célula, como os genes associados ao controle da divisão celular. Uma mutação nestes genes pode levar ao aparecimento de cancro. Quando se dá este fenómeno, ou seja, quando um agente mutagénico provoca uma mutação responsável pelo aparecimento de cancro, dizemos que se trata de um agente carcinogénico.     Os proto-oncogenes são genes que codificam proteínas que estimulam o crescimento e a divisão celulares. Quando estes sofrem mutações passam a denominar-se por oncogenes ou genes causadores de cancro, transformando a célula num célula cancerosa.
O álcool (exemplo de um agente mutagénico) a partir do momento que entra em contato com o nosso organismo é imediatamente absorvido pelas células que se encontram no interior da boca. Uma vez que o álcool é solúvel em água este é, tal como a água, distribuído pelas células, deste modo estas irão receber menos quantidade de água, tornando-se menos eficientes e com algumas dificuldades em funcionar de uma forma correta.
álcool, dependendo das quantidades em que for ingerido, afeta da fase G2 do ciclo celular. Esta fase é determinante para a progressão do ciclo, pois caso algo corra mal nas fases G1 e S,  é nesta altura que a célula sofre apoptose e não continua o processo de mitose. Deste modo, uma pessoa que consuma excessivamente bebidas alcoólicas não possui o sistema de regulação, associado à fase G2 a funcionar corretamente, logo corre um maior risco de ter células mutadas.
O tabaco (outro exemplo de um agente mutagénico) é constituído por uma série de substâncias com grande capacidade de induzir a formação de cancro, como as nitrosaminas (acima referidas como agente mutagénico químico).
A nível celular, descobriu-se que a exposição ao fumo de tabaco conduz a um aumento do número de metáfases, mas que a frequência com que ocorrem as anáfases diminui. O que permite concluir que o ciclo celular estava bloqueado. Como se pode verificar, apenas o fumo do tabaco pode causar danos no DNA, o que permite concluir que até os fumadores passivos podem desenvolver cancros relacionados com as vias respiratórias. A par disto, também descobriu-se que apenas 30 minutos de inalação do fumo do tabaco chegam para começar a provocar danos no DNA.

Os agentes mutagénicos apesar de, à primeira vista, parecer que só trazem desvantagens, também são utilizados em algumas áreas, como a medicina, na cura de certos cancros.
A ocorrência de anomalias nucleares conduz a apoptose celular, o que significa que a célula encontra-se mutada e este foi o mecanismo de defesa que encontrou.
Existem vários mecanismos de defesa como: a carriorréxis, a cariólise ou cromatólise, a picnose e por último o micronúcleo.

  • Artigo 5

O álcool inibe a mitose celular em G 2 - M fase no ciclo celular em linfócitos humanos de um estudo in vitro.

Alcohol abuse is associated with the loss of immune response,which leads to decrease resistance to infecções.Nenhummechanisms may be responsible for adverse effects of alcohol on the body's defense mechanism. We present data showing that, in lymphocytes, 10-40 mM alcohol in the media caused a 18-90%reduction in cell mitosis (p <0.001). There was a linear decrease in the mitotic cell to 40 mM ethanol, 100 mM cell mitosis virtually ceased. This study aimed to determine at what stage of the cell cycle that mediate alcohol effects. The results showed that DNA synthesis was not affected by alcohol up to 50 mM, suggesting thatG 1-S cell cycle phase unchanged. Alcohol in 100 mM, the synthesis of DNA significantly decreased (p <0.01). The results of this study, we conclude that a dose level subpharmacologicalalcohol (10 mM) significantly inhibited mitosis and cell inhibitory effect was mediated at the alcohol phase G 2-M cell cycle. The G 1-S phase was unaffected.

O abuso de álcool está associado com a perda de imunocompetência, o que leva a diminuir a resistência às infecções. Nenhum dos mecanismos pode ser responsável pelos efeitos negativos do álcool sobre o mecanismo de defesa do organismo. Nós apresentamos dados que demonstram que, em linfócitos, 10-40 mM de álcool nos meios de comunicação causou redução 18-90% na mitose celular (p <0,001). Houve uma diminuição linear na mitose celular até 40 mM de álcool; a 100 mitose celular mM praticamente cessaram. Este estudo teve como objetivo determinar em que fase do ciclo celular que álcool mediar seus efeitos. Os resultados mostraram que a síntese de DNA não foi afetada até 50 mM de álcool, sugerindo que G 1 -S fase no ciclo celular permaneceram inalterados. No álcool a 100 mM, a síntese de DNA diminuiu significativamente (p <0,01). A partir dos resultados do presente estudo, concluímos que um nível de dose subpharmacological de álcool (10 mM) inibiu significativamente a mitose celular e do efeito inibitório de álcool foi mediada no G 2 fase-M no ciclo celular. O G 1 fase-S não foi afetado.



  • Artigo 6

A maioria dos cancros da boca estão relacionadoa com dois fatores: alimentação e o hábito de fumar. Mas outro fator em ter em atenção é a combinação do fumo com o consumo de bebidas alcoólicas ou com a exposição a certos agentes ambientais.
O cigarro é responsável por cerca de 25% do total de cancros em ambos os sexos e de 41% no sexo masculino. O fumo é o carcinogénico mais difundido e o de maior efeito na população humana. O fumo e o consumo de álcool isoladamente são carcinogénicos fracos quanto à produção de cancro oral, mas o sinergismo entre o fumo e álcool parece aumentar duas vezes e meia o risco de cancro na cavidade oral, laringe, faringe e esófago. Vários estudos demostram a importância desta sinergia, porém a abstinência destes dois elementos poderia, teoricamente, reduzir  76% destes tipos de cancro nos indivíduos do sexo feminino.
A explicação dos mecanismos oncogénicos dos componentes das bebidas alcoólicas é muito complicada por envolver muitos fatores. O consumidor de álcool geralmente é fumador. O consumo de álcool é acompanhado de deficiência nutritiva.
Estudos in vivo e in vitro utilizando linfócitos humanos e células Hela não mostraram efeito do álcool sobre as quebras cromossómicas ou trocas entre cromatídeos, sugerindo assim que o álcool sozinho não é carcinogénico. A deficiência nutritiva que acompanha ou resulta do uso excessivo do álcool parece facilitar o desenvolvimento do cancro de esófago.
A sinergia carcinogénica entre o fumo observado nos indivíduos subnutridos sugere uma vulnerabilidade maior dos órgãos – alvo da ação dos carcinogénicos relacionados com a deficiência dietética.


  • Artigo 7
O cancro da cavidade oral é uma doença genética, complexa e multifactorial. É potencialmente fatal e continua a ter uma incidência global elevada. É considerada a sexta neoplasia mais frequente em todo o mundo, apresentando uma taxa de incidência, mortalidade e morbilidade elevada.
A língua é o local anatómico preferencial para o desenvolvimento do cancro da cavidade oral, seguindo-se o lábio inferior e o pavimento da boca.
O seu diagnóstico é simples e deve ser precoce, pois num estádio avançado da doença não é possível o seu tratamento, evoluindo para a morte do individuo.
A carcinogénese oral envolve uma rede complexa de factores, dependentes de variações individuais. Os dois principais factores de risco relacionados com o canco da cavidade oral são o tabagismo e o etilismo.
A prevenção desta doença está intimamente relacionada com o diagnóstico precoce e com a mudança de comportamentos do indivíduo, como medidas de abandono do uso de tabaco, de bebidas alcoólicas, bem como de outros factores de risco.



Bibliografia:
Revista Açores (Açores Magazine, 22-04-2012)